Dicas · Viagens

Atravessei a Ponte Golden Gate em San Francisco

Que a Califórnia é um dos melhores estados dos EUA, eu não tenho dúvidas. Que San Francisco é uma das melhores cidades do país, eu não também não duvido. Foi só pisar lá para voltar com esse sentimento. Por que será?

Rica em cultura e em opções culinárias diferenciadas (nunca vi tanta coisa veggie o.O), charmosa pelas casinhas em estilo vitoriano e pelos trilhos do Cable Car que percorrem as ruas da cidade, desafiadora pelas íngremes ladeiras, sustentável com seus inúmeros parques verdes e simplesmente fascinante pelo belo cartão-postal que leva viajantes do mundo todo até lá: a ponte Golden Gate.

Atravessando a ponte Golden Gate em San Francisco (Natália Cagnani)

Ah! Chegou o momento tão esperado. A ansiedade para escrever sobre a Golden Gate Bridge só não foi maior do que vê-la ao vivo e a cores. Sério! Um momento para guardar na memória, no coração e para toda a vida. Alguém mais tinha muita vontade de “conhecer” a ponte? Comenta aqui para eu saber que não estou sozinha nessa. 🙂

Fico arrepiada só de lembrar! Eu não sei nem por onde começar a escrever. Já aconteceu com você? Como pode, né? O dia 18 de outubro de 2018 entrou para a minha seleta lista de coisas inesquecíveis. Esta é a data em que eu finalmente atravessei a ponte Golden Gate. Que dia emocionante! Eu não conseguia parar de sorrir. Sensação de sonho realizado, sabe?

Vista do hotel com a ponte Golden Gate em San Francisco ao fundo (Natália Cagnani)

Eu cheguei nos EUA no dia 16 e desde então estava ansiosa pelo momento em que eu finalmente poderia ver a ponte de perto, caminhar por ela, fotografar e viver cada segundo daquele momento especial para mim.

Você não faz ideia da minha alegria logo no primeiro dia da viagem quando vi a Golden Gate pela primeira vez, de longe, da janela do hotel. Foi aí que eu percebi que eu estava realmente em San Francisco, que o sonho era real.

“Welcome to San Francisco!”

Na tentativa de otimizar o roteiro de viagem da melhor forma e no menor tempo, a ponte ficou para o terceiro dia, mas eu via ela todos os dias da janela do hotel. A visita ao vivo e de perto foi no mesmo dia da Lyon Street Steps, Palace of Fine Arts e Wave Organ. Depois da última parada, na pontinha da Marina, eu caminhei no sentido contrário, atravessando todo o Crissy Field.

Uma caminhada pelo Crissy Field até a Golden Gate

O ambiente é muito agradável, com pessoas caminhando pra lá e pra cá, cachorros, bicicletas, fotógrafos, de tudo um pouco. A caminhada é um pouco longa até a ponta onde fica o início da ponte, para quem sai de San Francisco em direção a Sausalito. Eu fiz o percurso por fora, costeando a orla, a beira mar. Não sei se dá para fazer o mesmo caminho por dentro, passando pelo Museu da Walt Disney, no Parque Presidio.

Eu acho que sim, porque tem um ônibus gratuito, o PresidioGo Downtown Shuttle, que e vai até o Parque Presidio. Funciona durante a semana, das 9:00 às 9:30 e nos fins de semana, das 9:00 às 19:30. Para saber como usar, fica a dica do Acontece no Vale.

Depois de atravessar todo o Crissy Field, você vai encontrar três caminhos para seguir até a ponte. Um deles é uma via para quem faz o percurso de bike. O outro é uma pequena escadaria no meio de uma montanha para quem vai a pé (eu!). E, por último, se você caminhar até a ponta mesmo, ainda costeando e passando pelo Warming Hut, um café acolhedor, rodeado por mesas de piquenique do lado de fora e com banheiros na parte de trás.

Antes de seguir, fiz uma pausa lá para tomar um suco e comprar lembrancinhas. O ponto final de quem escolhe esse roteiro é o Fort Point.

Uma parada no Fort Point, a área dos surfistas

Você sabia? Feito com tijolinhos vermelhos, o lugar foi construído para servir como base militar durante a Segunda Guerra Mundial e proteger a baía de San Francisco de quaisquer ataques marítimos. Mais tarde, a obra seria demolida, mas foi preservada durante a construção da ponte Golden Gate e ganhou status de patrimônio arquitetônico nacional.

O Fort Point é aberto para visitas e, a melhor parte, a entrada é grátis. Além disso, o lugar conta com vistas lindas para a ponte. Um prato cheio para quem gosta de fotografar. Por tempo, eu acabei não entrando, mas deixo aqui um link do Ideias na Mala, que visitou e conta com mais detalhes.

Outra atração, além do próprio Fort Point e da ponte Golden Gate, vem direto do mar, onde surfistas se arriscam na forte correnteza em busca das melhores ondas. Por essa eu não esperava! Tinha muitos surfistas na Golden Gate, muitos mesmo. Além da correnteza, tem pedras e as águas do Pacífico são muito geladas. Isso sem contar o vento frio, forte e constante na baía de San Francisco.

E a força das ondas do mar? Dava para sentir o impacto só de vê-las batendo nas pedras da orla. Enormes e imponentes. Tem que ter coragem para surfar em um lugar assim, hein? Fiquei impressionada com eles. Passei um bom tempo só admirando e fotografando. Se eu não tivesse uma ponte para atravessar, teria passado a tarde toda lá.

Enfim, a ponte Golden Gate entra no roteiro de viagem

Depois de desviar um pouco o caminho para passar pelo Fort Point, voltei para subir a escadaria que leva até o Centro de Visitantes da ponte Golden Gate, aberto das 9h às 18h. Esta foi a última pausa antes da travessia. Minha ansiedade só aumentava conforme eu ia me aproximando da famosa ponte. Mas antes de contar como foi a minha experiência, quero falar um pouco sobre a história da Golden Gate Bridge.

A construção da Golden Gate Bridge

A ponte Golden Gate foi construída em uma área da baía de San Francisco conhecida como garganta ou estreito, por causa do formato, composto por uma cadeia de montanhas nas duas pontas.

A obra partiu da necessidade de um canal que desenvolvesse a mobilidade na região quando a população da cidade começou a crescer exponencialmente. Em 1900, o número já chegava a 1 milhão. Se ainda tiver curiosidade, leia mais aqui.

Na época em que as obras começaram, em janeiro de 1933, devido à extensão de 2,7 quilômetros passando pelas águas do Pacífico, a Golden Gate era considerada “a ponte que não poderia ser construída”. Hoje, além de cartão-postal de San Francisco, a ponte suspensa é uma das mais bonitas, mais fotografadas e mais importantes do mundo.

Com 2,7 quilômetros de extensão e 1,6 quilômetros de altura, a Golden Gate Bridge liga as cidades de San Francisco e Sausalito, além de dar acesso a todo o norte do estado da Califórnia. Inaugurada no dia 27 de maio de 1937, foi projetada pelo engenheiro Joseph Strauss e pelos arquitetos Irving Morrow e Charles Ellis.

Toda em aço, a ponte ganhou a cor laranja avermelhada ou vermelha alaranjada para ter mais visibilidade na névoa, que costuma ser bem densa por lá. Teve um dia que eu vi a névoa de longe, da janela do hotel, escondendo a ponte. Parecia uma grande onda branca no céu, tamanho a densidade.

Por que o nome ‘Golden Gate?

Espera! Se o nome é Golden Gate (“portão dourado”, em tradução livre), por que a ponte é vermelha/laranja? Boa pergunta, não é mesmo? Diz a lenda que o estreito ganhou o nome de Chrysopylae que, em grego, significa portão dourado. A escolha foi feita por um de seus primeiros exploradores, John C. Fremont.

No início, o aço da ponte só estava coberto com um fundo vermelho, mas a cor agradou os responsáveis pelo projeto. Então veio a sugestão de manter o vermelho como a cor da pintura final da ponte.

Em média, 110 mil veículos trafegam por suas seis faixas diariamente, sem contar pedestres, como eu, e ciclistas que se dispõem a fazer a travessia. Mas nem sempre foi assim. A calçada que existe hoje em cada lado da ponte só foi construída em 2003 e conta com alguns horários de acesso.

Hora de atravessar a ponte mais famosa do mundo

Assim como na caminhada pelo Crissy Field, andar pela Golden Gate é andar na companhia constante do vento. Leve um casaco leve para não passar frio e não se esqueça da câmera fotográfica, claro.

Pisei no primeiro pedacinho da ponte. Não tem como descrever em palavras o que eu senti naquela hora. Parecia um sonho, mas ela estava ali, bem na minha frente. Não era só uma foto na internet. E eu dei sorte, sem neblina alguma e com o céu bem azul.

Tinha muitas bikes, além de pedestres que arriscaram cruzar a pé. Cada um fica de um lado na hora de pedalar ou andar, mas é bom tomar cuidado para não se distrair tirando fotos e acabar ficando no caminho.

O vento é bem forte, assim como o som dos carros passando e os tremores nos pés pela vibração dos carros. A primeira sensação é que a ponte está balançando, mas não é tão forte quanto parece enquanto descrevo aqui.

O tempo de travessia pode variar bastante de acordo com o propósito da sua visita. Eu queria aproveitar cada segundo ali, porque a ponte Golden Gate era quase que um sonho de consumo da viagem. Era o lugar que eu mais tinha vontade de conhecer em San Francisco.

Então eu aproveitei, eu fotografei, eu vivenciei. Ainda tenho as memórias bem fresquinhas na minha cabeça e me lembro com saudade de cada detalhe.

O trajeto parece extenso, mas conforme você vai andando e chegando perto da primeira torre, a sensação é de que o caminho não é tão longo assim.

Enquanto estiver lá, observe cada pedacinho da ponte. O contraste do vermelho das torres com o céu azul, a rede de vigas maciças e cabos que dão sustentação para toda a estrutura, as enormes colunas de aço e todos os detalhes que podem ser vistos de pertinho.

Olhe para trás e veja o quanto andou, quem vem, quem vai. Olhe para a frente e veja o caminho que espera por você. Pode ser que encontre até pessoas que já passaram por você (nem todos vão até o fim e fazem o trajeto completo).

Olhe para um dos lados e veja os carros passando em alta velocidade e fazendo o chão vibrar. Olhe para o outro lado e veja a imensidão do mar e toda a orla da baía de San Francisco. E um pouco mais à frente, depois de um tempo caminhando, olhe a charmosa cidade de Sausalito se apresentando.

É uma sensação de liberdade sem tamanho andar pela ponte, sentir o vento batendo no seu rosto e ver todo aquele mar na volta. Eu atravessei a Golden Gate Bridge a pé, em mais ou menos 1h30min, talvez 2h, contando as inúmeras pausas para fotos. Um sonho realizado!

E logo depois de atravessar, encontrei um dos mirantes com vista para a ponte. Foi o único que visitei, porque eu estava a pé e achei melhor ir de carro nos outros (em uma próxima visita e com mais tempo, né?).

O Vista Point fica bem pertinho da ponte, a poucos metros de caminhada ou de bike. Cuidado ao chegar lá. Tem várias plaquinhas advertindo sobre o perigo de batedores de carteira, como em qualquer lugar turístico. Minha visita foi super tranquila, mas depois do susto que levei em Pisa (se quiser saber mais, leia aqui) achei melhor ter toda a cautela do mundo.

Dali, confesso que fiquei saber como chegar em Sausalito. Pelo que tinha lido até então, pensei que desse para ir a pé, mas não vi nenhuma via para pedestres e achei um pouco arriscado. Só tinha carros e bicicletas circulando pela área. Passei um tempo pensando no que fazer até que vi um desses ônibus turísticos, sabe?

Caminhei até um deles e perguntei para onde ia. O motorista, muito simpático, sinalizou que estava indo para Sausalito, o mesmo destino que eu. Então perguntei se ele poderia me levar até lá e quanto ficaria o passeio. O moço me cobrou $5 e me deixou no centrinho de Sausalito, bem perto do local onde sai a balsa até San Francisco.

Quem já foi até o fim da ponte Golden Gate e continuou até Sausalito, como faz? Alguém continuou o caminho a pé. Fiquei curiosa para saber se tinha outra forma. Pelo menos, depois de alguns minutos de angústia, cheguei ao meu último destino.

Esta visita vai ficar para outro post, porque acabei me estendendo bastante por aqui. E tem muita coisa para falar de Sausalito, cidade charmosa, com clima de tranquilidade e uma orla muito bonitinha para passar o tempo. No próximo post, vou voltar um pouco no roteiro de viagem para falar do Fisherman’s Wharf, do Pier 39 e de um passeio de barco inesquecível…

Deixe um comentário